
Caía a noite e os vagalumes já enfeitavam a negritude da paisagem com suas piscadelas esverdeadas, como a espelhar as estrelas cintilantes do céu da primavera.
O grande galpão do velho engenho de farinha achava-se iluminado por lamparinas e candeeiros, pendurados nas toscas paredes de pau-a-pique. Das chamas avermelhadas brotavam grossos rolos de fumaça escura do querosene queimado, que grudavam no teto de telhas de barro e caibros de madeira bruta, engrossando os flocos negros de picumã. A canaleta de escoamento da água de mandioca emanava um cheiro acre que invadia o recinto. A água provinha da massa prensada em volumosos tipitis (balaios feitos de palha), espremidos em prensas de madeira feitas à mão. A cada volta que o prenseiro dava no enorme fuso de madeira, mais água escoava pela canaleta, indo desembocar numa vala aberta na lateral da construção. Nessa vala pululavam os tapurus, alimentados pela goma de mandioca decantada, originando o forte odor azedo.